O hábito de escrever diários parece sempre estar ligado a jovens mocinhas, que desejam guardar seus segredos amorosos entre desenhos fofos e cadeados.
Não sou uma jovem mocinha (apesar de ser, sim, jovem!), nem tenho segredos amorosos a esconder entre cadeados, mas recentemente comecei a escrever meu próprio diário e tenho incentivado outras pessoas a se lançarem nessa possibilidade.
O meu único e exclusivo prazer é o de expor meus sentimentos aos meus olhos, sentir as palavras tomando a forma do que vai confuso aqui dentro e me surpreendo ao notar que cada anotação se junta às demais formando um só texto. Vejo a unidade no que antes eram só fragmentos confusos dentro da cabeça. Os pensamentos não pulam mais de galho em galho, mas surgem diante de mim revelando uma ordem, um sentido e posso testemunhá-los.
Vejo minhas fraquezas, as incongruências, as muitas interrogações. Vejo o meu modo típico de lidar com elas, ali diante dos meus olhos. Vejo minha hesitação e vejo minha coragem surgindo aos poucos. E muito do que vejo só vem depois das palavras irem surgindo, ganhando vida sem nenhum ensaio. Elas chegam e vão delineando o desenho, mostrando através de setas e eu sigo. Depois, ao ler, lá estão as indicações certeiras do caminho e apontam para o centro.
Estou impressionada com o processo e venho indicar, como venho indicando aos clientes e aos amigos: retome o "Querido diário" ou comece a se aventurar nessas paragens, se você nunca ousou.
Só você, a caneta, o papel, os sentimentos e as palavras. Uma forma e tanto de se encontrar intimamente consigo.
Versão mais completa desse texto no site Absoluta: http://www.absoluta-online.com.br/conteudo_vivencias_atitude_queridodiario.html