segunda-feira, 10 de março de 2008

"Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?..."

Nada sobrevive sem se hidratar e sem se nutrir. Do tigre ao cactus, tudo que vive precisa de água e alimento para continuar a viver. Mesmo com suas especificidades uma coisa é certa: todos nós precisamos ingerir, digerir, metabolizar, converter algo em energia para seguir adiante até o próximo reabastecer.

Isso vale para o nosso organismo e vale também para nossa alma. Quando não respeitamos nosso ritmo biológico nosso corpo dá alertas e o mesmo ocorre com nossos ritmos mais profundos: muitas vezes passam a gritar para terem alguma atenção. Se não escutamos, a fome permanece e acaba surgindo das maneiras mais tortas possíveis - mas não deixa de aparecer. São as nossas compulsões, o mal-estar, o choro sem razão, a pele impolada, as alterações de humor sem razão e por aí vai. Aquilo a que chamamos desequilíbrio, dor, doença, pode muitas vezes ser um pedido de ajuda interno para que voltemos ao equilíbrio saudável que permita mais que sobreviver, mas sim o viver mais pleno.

Talvez tenhamos ingerido situações, palavras, sentimentos um tanto indigestos e precisemos metabolizar, ver o que nos cabe e jogar o restante para fora. Talvez haja uma perigosa abstinência de tudo que faz o coração bater mais vivo: amizade, carinho, compartilhar, respeito, compreensão, relação. Um monte de "talvez" em série poderia ser levantado, mas importa mesmo é ouvir para onde cada manifestação aponta: que tipo de fome/sede preciso saciar?

Não basta um só copo d'água hoje para matar a sede de amanhã e um único pão também não é o suficiente para nos dar energia para toda a vida. Se teimamos em não nos fazermos essa pergunta fundamental (que tipo de fome/sede preciso saciar?) acabamos sem energia, procurando nos saciar naquilo que não nos preenche, estressados, adoecidos, perdemos a força de que tanto precisamos para seguir.

Sem receitas prontas, cabe mesmo é começar a refletir sobre a própria experiência e buscar meios que nos facilitem a mudança dos padrões que nos fazem mal, para deixar que a vida que existe em nós possa fluir e se renovar.

6 comentários:

Anônimo disse...

Juliana,

Vim conhecer tua casa nova: adorei!

E teu texto, belíssimo, nos fala dessa ingestão de sentimentos, de emoçoes... Que coisa mais criativa!

Vou reler agora, e ainda voltarei depois!


Abraços, flores, estrelas!

Lucas Alves disse...

OI!
Às vezes achamos que nossas exigências mais profundas podem ser realmente saciadas com artigos de beleza, alimentos saborosos e outras materialidades... claro que essas coisas são muito boas, mas servem para aquilo que foram criadas. Senão, começo a achar que viver o "lado Coca-Cola da vida" cura solidão, timidez, baixa-autoestima etc.

Bjokz

Anônimo disse...

Oi Ju!
obrigada pela visitinha viu, volte sempre. O texto é bem reflexivo mesmo, mas não é meu não...

gostei muito do seu blog tambem, hoje tive uma conversa do tipo "comes e bebes' com miha médica, o texto veio bem a calhar.

Um beijão!

Chris Rodrigues disse...

Este texto me fez lembrar as palavras de Cristo: - Aquele que tem sede, que venha mim e eu lhe darei a beber águas vivas.
Bjos

Anônimo disse...

Ju... você está escrevendo cada vez melhor, acredite. Lindo esse seu post.
Passe lá no meu blog e deixe seu comentário!!!

Francine Esqueda disse...

Olá Ju! Tudo bem? Parabéns pelo texto! Temos pensamentos bem parecidos!A leitura do seu blog é muito agradável!
Um abraço.
Francine